sexta-feira, 4 de novembro de 2016

ENTREVISTA - Henrique Anders - As Trevas de Baltar


Henrique Anders, tem 38 anos, é natural do Brasil e vive há cerca de 18 anos em Portugal.
Ele é autor do obra "As Trevas de Baltar", editada no passado mês de Outubro, sob a chancela da Editora Épica. 
O Leituras de meia-noite falou com o escritor, e deixa-vos aqui a entrevista na integra.

Quem é Henrique Anders? 
Sou uma pessoa simples, de bem com a vida e que acredita no ser humano. Gosto de ter os pés pousados na terra, mas gosto ainda mais de libertar a minha mente para que voe. Tímido por natureza, evito confrontos, mas não me aquieto com injustiças. 

Escrever para si é uma necessidade, um vício, um escape, ou todas as opções?
Na verdade, nenhuma delas.
Escrever para mim é paixão. Elas são loucas, inconsequentes e impróprias, mas enchem-nos de algo que certamente não é deste mundo.


Com que idade começou a escrever?
Ora aqui está uma pergunta onde a resposta vai causar estranheza. Comecei tarde, demasiado tarde, apenas há 4 anos, quando tinha 33. Tudo começou num dia aborrecido, decidi escrever uma página apenas. Uma mera página foi o suficiente para me apaixonar pela escrita.
Antes disso, se alguém dissesse que iria gostar de escrever, provavelmente eu soltaria uma gargalhada involuntária.
Hoje olho para aquela primeira página e apesar de ser lixo literário, guardo-a com muito carinho pois carrega um mundo de sonhos.

"As Trevas de Baltar" é o primeiro volume da saga Desígnios. Porquê a escolha deste nome?
Inicialmente chamava-se “Esquecidos”, depois migrou para “Reinado das Trevas” e finalmente o nome que agora estampa a capa - Está linda, não está? J. A ideia do nome foi a de deixar logo explícito para o leitor aquilo que o espera depois de virar a capa, que há um mundo sombrio e que o este mundo tem um senhor.


A história deste livro desenrola-se num mundo ficcional, regido por um tirano, Baltar. Onde se inspirou para criar o cenário de ação da história?
Sempre achei que, de um modo geral, os tiranos são representados com algum pudor. Desde o princípio soube que queria um personagem forte, que fosse a completa encarnação do pior que pode existir. Em parte, do pior que temos dentro de nós próprios.
Estando o personagem construído, foi fácil de imaginar o que ele fez àquele mundo.


Dutsan é o protagonista da aventura. Como nos pode definir o jovem herói?
Dutsan é um infeliz. Nasceu com algo especial e espera-se muito dele, mas ele quer apenas ser igual aos outros. É amigo do amigo e leva isso bastante a peito. Apesar de cometer algumas asneiras, típicas da idade que tem, nota-se que recebeu boa educação das duas mães.


Qual a maior dificuldade na escrita da obra?
O tempo com a minha filha que tive de abdicar. Foram alguns meses, onde cada novo dia vinha carregado de culpas.
Estipulei uma data limite para concluir o livro, hoje vejo que fui demasiado audacioso. Saia do trabalho e ia para casa escrever, até onde o sono permitia. Eu e o sono temos problemas sérios por resolver.


 "Os dragões estão a cantar" será o segundo volume da saga. Com o que podemos contar neste novo livro?
Comecei a escrever a saga pelo segundo livro. Larguei-o a meio e atirei-me de cabeça ao primeiro. A minha ideia era lançar o segundo e o terceiro e só então As Trevas de Baltar. Após muitas hesitações e troca de ideias, concluí que poderia ser um caminho perigoso.
O segundo volume virá carregado de novos personagens, criaturas, aventuras, segredos e traições. Tudo aquilo que gostamos, não é?


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"O convento esculpido" desenrola-se no mesmo mundo d'As Trevas de Baltar. Podería-nos falar um pouco sobre este seu conto?
Até hoje, este foi o conto que mais gostei de escrever. A trama desenrola-se à volta de uma criança que é convidada a entrar no convento, onde será possível trocar a sua vida miserável por uma vida digna. Porém, há um preço a pagar.
O convento apareceu pela primeira vez enquanto escrevia o segundo livro da saga (antes de metê-lo na gaveta). Gostei tanto dele, que acabei por criar uma história paralela.
Como os antigos já diziam, o convento nunca dorme.

"As Trevas de Baltar" foi editado sob a chancela da Editora Épica. Como vê a atual situação da publicação de obras de Fantasia em Portugal?
Portugal é um país pequeno, por consequência o público alvo é reduzido. Cada vez mais vê-se o receio em apostar em novos autores, o que é compreensível. Mesmo autores conceituados acabam por ter sagas canceladas a meio por falta de resultados.
Diria que, nos dias de hoje, quem deseja ver uma obra publicada e tentar a sua sorte, tem de arregaçar as mangas e partir muitas pedras.


Planos para o futuro?
Muitos! Sou um sonhador nato, adoro fazer planos. A grande maioria morre tão depressa como nasce, mas aqueles que adopto, agarro com unhas e dentes.
Actualmente, estou a trabalhar no segundo livro da saga. Vai levar o seu tempo, há muito para ser trabalhado e revisto, mas sem dúvida vai ficar lindo e complexo. 

O Leituras de meia-noite agradece a disponibilidade prestada pelo escritor e deseja-lhe muito sucesso.
Dentro em breve, teremos review d"As Trevas de Baltar".

Até breve e... Boas Leituras!

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