domingo, 3 de junho de 2018

Os Salteadores do Nilo - Steven Saylor - Review


Os Salteadores do Nilo
Autor: Steven Saylor
Editora: Bertrand Editora
1ª Edição


 Resumo
A história começa com uma cena de ação. O jovem Gordiano vê-se envolvido com um bando de salteadores, que tenta roubar o sarcófago de Alexandre "O Grande", em Alexandria.
Subitamente o leitor é transportado no tempo, através das memórias de Gordiano, onde ele descreve tudo o que aconteceu, até chegar àquele momento bizarro. Aventura começa com o rapto da sua escrava e amada Bethesda e passa por uma viagem pelo delta do Nilo, onde o jovem romano integra o grupo de bandidos conhecidos como O Bando do Cuco. 


Opinião

Os Salteadores do Nilo é um livro que me deixou com sentimentos ambíguos.

É um livro bem estruturado e bem escrito. As referências históricas são harmoniosas com o desenrolar da ação, resultando numa narrativa equilibrada e agradável.
Muito interessante o facto da ação se desenrolar numa fase da história egípcia normalmente menos explorada. A fase em que o Egito é governado não pelos faraós todos poderosos e deuses na Terra, mas sim pela família de origem Grega, os Ptolomeus. 

Porém, pessoalmente não foi um livro que me tenha cativado desde o início. A ação inicial apanhou-me muito de surpresa e deixou-me confusa, diminuindo o meu interesse pelo livro. Apenas me comecei envolver pela história quando as memórias de Gordiano começaram a ser descritas e a ordem cronológica dos acontecimentos se estabeleceu.  É uma preferência puramente pessoal. Portanto,  deixo o convite a todos os Leitores de Meia Noite para que leiam e tirem as vossas próprias conclusões.

Um livro que recomendaria  aos curiosos da civilização e história egípcia, ou para os que procuram apenas uma história de amor com muita ação.

Até Breve e… Boas Leituras!

quarta-feira, 11 de abril de 2018

As Gémeas do Gelo (The Ice Twins) - Review


As Gémeas do Gelo
Autor: S. K. Tremayne
Editora: TopSeller
2ª Edição 


Sarah e Angus Moorcroft eram os pais da gémeas Kirstie e Lydia e viviam uma vida perfeita, mas todo o seu mundo viria a desmoronar-se quando a pequena Lydia cai da varanda da casa dos avós e acaba por falecer. Sarah entra em depressão profunda e Angus abusa da bebida até perder o emprego.
Quando 1 ano após o acidente, tomam a decisão de se mudar para a isolada ilha de Torran, nas Hébridas escocesas, a esperança de um recomeço de vida surge nesta família destroçada.
Mas, Torran carrega em si uma aura deprimente , com a sua humidade e frios constantes, o seu isolamento tecnológico e aquelas figuras pintadas nas paredes de casa, que parecem ter vida própria.

E o pior de tudo… Terá sido realmente a Lydia quem morreu naquele acidente? " - Porque é que continuas a chamar-me Kirstie, mamã? Quem morreu foi a Kirstie. Eu sou a Lydia."

Opinião

As Gémeas do Gelo está  na lista das minhas histórias de terror psicológico favoritas.
Mas, para entendermos melhor a história vamos dividi-la  em três partes, três versões dela mesma.

Comecemos pelas versão da Sarah, a mãe que perdeu a sua filha gémea favorita. É uma personagem profundamente perturbada pela morte da filha, que só após quase um ano de luto começa a retornar à vida. Mas eis que um novo acontecimento vem perturbar esta instável normalidade. Como quem parte a primeira camada de gelo que se forma sobre os lagos, quando o Inverno ainda não é mais do que uma criança. Por baixo desta camada, as águas escuras e frias continuam à espera para afogar quem se aventure. Sarah afogou-se nas dúvidas sobre a identidade da filha sobrevivente, na tristeza e inadaptação da menina à nova escola e amigos, e nas suas atitudes bizarras que assustam todos à sua volta. E Sarah ama a filha, mas tem medo dela! Vê nela espelhada a filha morta, que voltou para a acusar. Mas, para a acusar do quê? O que é que ela fez? A culpa de tudo foi de Angus. O que terá ele feito para perturbar tanto a pobre criança naquele dia fatal? Meu Deus, o quê!?

Por outro lado, temos a versão do Angus, o pai. Vive atormentado por uma verdade que não pode revelar a ninguém, nem à sua esposa. E ele sente raiva dela, de Sarah, a culpada da morte da sua menina. Sente crescendo em si uma vontade de a fazer pagar pelo que fez… mas tem que proteger a gémea sobrevivente. A sua vingança terá que esperar. E assim, afoga as suas magoas no álcool, enquanto vê a vida da sua filha desfazer-se em frente aos seus olhos, sem poder fazer nada.

Kirstie , ou será Lydia? Esta é a última versão da mesma história. A menina luta com a incapacidade de se  definir. Será ela Kirstie a extrovertida ou Lydia a tímida? Ou será as duas ao mesmo tempo? Porque é que nos últimos 6 meses ela vê, sente e fala com a sua gémea, como se ela estivesse ali?  Isso assusta-a, ela quer que Kirstie desapareça,… mas ela é Kirstie, ou será, que é Lydia? A mamã gosta tanto do Lydia! É a sua favorita, e está feliz por a ter de volta. Mas, o papá quer a kirstie. E porque é que está sempre tanto frio naquela casa?

Um livro aterrador do inicio ao fim. Cada singela palavra no momento certo, é capaz de arrepiar o leitor, fazê-lo olhar em volta à procura dos seus próprios fantasmas.
É ainda um livro carregado de uma energia erótica negra e selvagem, que se torna num relevante fator ao longo da história.

Gostei muito da obra.



Até  Breve e... Boas Leituras!

sexta-feira, 30 de março de 2018

As Histórias de Terror do Navio Negro - Review




As Histórias de Terror do Navio Negro
Autor: Chris Priestley
Editora: Arte Plural Edições


Os dois irmãos, Ethan e Cathy são filhos do dono da estalagem empoleirada em cima do penhasco  voltado para o mar. Desde pequenos que se habituaram às temíveis histórias dos marinheiros e pouco os assusta.
Naquele terrível dia de tempestade em que ambos adoecem e o pai tem que os deixar sozinhos para ir chamar o médico, surge uma misteriosa personagem, que os encanta, fascina e aterroriza com os seus macabros contos  de marinheiro.  Mas … serão apenas contos? E que segredos esconderá este estranho homem?



Opinião
O livro é um compilado de contos de terror, passados em alto mar.
As cenas são descritas com pormenor e os finais escolhidos podem ser muito surpreendentes.
Fascinante pela natureza macabra de alguns dos contos e pela violência de algumas cenas em especial.
Um livro infanto-juvenil que qualquer adulto vai gostar de ler. 



Até Breve e ... Boas Leituras!!!

domingo, 4 de março de 2018

Verão Quente - Domingos Amaral - Review



Verão Quente
Autor: Domingos Amaral
Editora: Casa das Letras
5ª Edição 



Corria o Verão Quente de 75. Julieta é encontrada inanimada, ao fundo da escadaria da casa de família na Arrábida. Lá em cima, jazem os corpos baleados e semi-nus do marido e da irmã.  Na sua mão está a arma do crime.
Julieta permanece vários meses em coma. E quando acorda está cega e nada consegue recordar daquele fatídico acontecimento.  No entanto, para as autoridades não restam dúvidas. Julieta descobriu a traição do marido e da irmã e mata-os a sangue frio. E assim a mulher passa 28 num hospital cadeia.

Em 2003, Julieta e a sua filha cruzam-se com o narrador desta história, numas termas. O homem interessado pela beleza da filha, aproxima-se delas. Como desculpa para se manter por perto delas, aproveitando a fantástica história de vida da mãe, e começa uma investigação para um futuro livro,.

Terá realmente Julieta cometido o duplo homicídio pelo qual foi condenada? Conseguirá o narrador conquistar Redonda, a filha de Julieta? 

OPINIÃO

Em 1975, Portugal estava mergulhado numa crise social e política. Após a revolução de 25 de Abril de 74, os ânimos exaltaram-se.  As tentativas falhadas de governo sucediam-se, as manifestações nas ruas eram diárias. E principalmente, o ódio aos "fascistas" como chamavam aos apoiantes do Estado Novo, era extremo.
À  pacifica Revolução dos Cravos, que estudamos na escola, seguiram-se meses de terror e o país viu-se por várias vezes à beira de uma guerra civil.
Em "Verão Quente", Domingos Amaral, dá-nos uma perspetiva diferente do que foi o pós 25 de Abril e da agitação política de assolou o país.

"Na primavera de 1975, é Vasco Gonçalves primeiro-ministro de Portugal, Otelo lidera o Copcon, e Cunhal está sentado no Governo. A esquerda revolucionária e comunista prepara-se para levar à prática ainda mais atos de destruição do sistema burguês, capitalista e fascista, que, segundo eles, ainda domina o país. (...) Em meados de agosto de 75, é anunciada oficialmente a criação da FUR, e é ela que vai patrocinar uma organização clandestina militar, os SUV (Soldados Unidos Vencerão), que tem como objetivo «sanear as forças armadas de fascistas e sociais-democratas».
Logo em setembro de 75, os SUV começam a dar conferências de imprensa. Os seus membros aparecem fardados de militares, sem insígnias que mostrem os seus postos, mas encapuzados, com capuzes pretos ou vermelhos, para não serem reconhecidos. Como se fossem terroristas. "

O ambiente é perfeito, e o enredo do crime da Casa da Arrábida seduz do principio ao fim. O livro conta com uma leitura cheia de momentos insólitos e muito divertidos e um enredo romântico para lá de rebuscado. Os amores, jogos e traições do passado e do presente cativam a atenção do leitor. O facto da história ser narrada na primeira pessoa é, na minha opinião, mais um ponto forte do livro. Aproxima o leitor da narrativa e torna-o quase  num amigo confidente, a quem são relatados segredos íntimos. 

Gostei muito.  Um livro com os ingredientes certos para agradar a um vasto público.
 Fiquei, também, muito curiosa para ler outras obras deste autor.

Até Breve e… Boas Leituras!


sábado, 24 de fevereiro de 2018

O Último Segredo do Templo - Paul Sussman - Review





O Último Segredo do Templo
Autor: Paul Sussman
Editora: Bertrand Editora
1ª Edição 









Yusuf Khalifa, inspector egípcio, é chamado para investigar a morte do velho  Piet Jansen, cujo corpo fora encontrado, sem vida, entre as ruínas do Vale dos Reis em Luxor.  Porém, no decorrer desta investigação, Khalifa começa a encontrar fortes ligações entre o homem assassinado e o primeiro caso em que trabalhara há 13 anos atrás, onde uma mulher judia fora brutalmente assassinada. 

Por seu lado, a jornalista Palestiniana Layla al-Madani, recebe uma enigmática carta, contendo uma fotocópia de um  documento elegível, de aspeto medieval, e uma proposta para que ajudasse o remetente da carta a encontrar Al-Mulatham, um dos maiores, mais ferozes e mais inacessíveis terroristas palestinianos. Em troca a carta prometia-lhe o furo jornalístico da sua carreira. 

Por fim, temos o polícia israelita Arieh Ben-Roi, que após perder a noiva num atendado palestiniano, perde  todo o interesse pela vida e pela sua profissão. De repente, Ben-Roi  vê-se envolvido a contragosto na investigação de um caso de assassinato de uma palestiniana, há 13 anos, no Egipto.

De que forma o caso da morte de Hannah Schlegel, pode estar relacionado com Piet Jansen?
Como se poderão cruzar os caminhos de um polícia muçulmano Egípcio, uma jornalista muçulmana palestiniana e um polícia judeu israelita?

Opinião

O enredo desta trama é extremamente rico em referências históricas e sociais, interligando factos como o holocausto nazi, e a atual situação vivida no médio oriente.
Através da história de uma investigação policial, viajamos pela história mundial de uma forma leve e descontraída.
No entanto, o livro conta também com momentos mais pesados e reflexivos, como no caso do conflito israelo/palestiniano. Ambas as perspetivas são expostas, como duas faces de uma mesma moeda. Para nós que temos a paz e a segurança, como um dado adquirido, é perturbador  quando somos colocados perante uma realidade tão dura, como a vivida por estas pessoas. É uma verdadeira lição de humanidade e humildade.

Trata-se de uma obra concebida de forma brilhante, perfeita para os amantes de história. 


Até Breve e… Boas Leituras!!!