domingo, 4 de março de 2018

Verão Quente - Domingos Amaral - Review



Verão Quente
Autor: Domingos Amaral
Editora: Casa das Letras
5ª Edição 



Corria o Verão Quente de 75. Julieta é encontrada inanimada, ao fundo da escadaria da casa de família na Arrábida. Lá em cima, jazem os corpos baleados e semi-nus do marido e da irmã.  Na sua mão está a arma do crime.
Julieta permanece vários meses em coma. E quando acorda está cega e nada consegue recordar daquele fatídico acontecimento.  No entanto, para as autoridades não restam dúvidas. Julieta descobriu a traição do marido e da irmã e mata-os a sangue frio. E assim a mulher passa 28 num hospital cadeia.

Em 2003, Julieta e a sua filha cruzam-se com o narrador desta história, numas termas. O homem interessado pela beleza da filha, aproxima-se delas. Como desculpa para se manter por perto delas, aproveitando a fantástica história de vida da mãe, e começa uma investigação para um futuro livro,.

Terá realmente Julieta cometido o duplo homicídio pelo qual foi condenada? Conseguirá o narrador conquistar Redonda, a filha de Julieta? 

OPINIÃO

Em 1975, Portugal estava mergulhado numa crise social e política. Após a revolução de 25 de Abril de 74, os ânimos exaltaram-se.  As tentativas falhadas de governo sucediam-se, as manifestações nas ruas eram diárias. E principalmente, o ódio aos "fascistas" como chamavam aos apoiantes do Estado Novo, era extremo.
À  pacifica Revolução dos Cravos, que estudamos na escola, seguiram-se meses de terror e o país viu-se por várias vezes à beira de uma guerra civil.
Em "Verão Quente", Domingos Amaral, dá-nos uma perspetiva diferente do que foi o pós 25 de Abril e da agitação política de assolou o país.

"Na primavera de 1975, é Vasco Gonçalves primeiro-ministro de Portugal, Otelo lidera o Copcon, e Cunhal está sentado no Governo. A esquerda revolucionária e comunista prepara-se para levar à prática ainda mais atos de destruição do sistema burguês, capitalista e fascista, que, segundo eles, ainda domina o país. (...) Em meados de agosto de 75, é anunciada oficialmente a criação da FUR, e é ela que vai patrocinar uma organização clandestina militar, os SUV (Soldados Unidos Vencerão), que tem como objetivo «sanear as forças armadas de fascistas e sociais-democratas».
Logo em setembro de 75, os SUV começam a dar conferências de imprensa. Os seus membros aparecem fardados de militares, sem insígnias que mostrem os seus postos, mas encapuzados, com capuzes pretos ou vermelhos, para não serem reconhecidos. Como se fossem terroristas. "

O ambiente é perfeito, e o enredo do crime da Casa da Arrábida seduz do principio ao fim. O livro conta com uma leitura cheia de momentos insólitos e muito divertidos e um enredo romântico para lá de rebuscado. Os amores, jogos e traições do passado e do presente cativam a atenção do leitor. O facto da história ser narrada na primeira pessoa é, na minha opinião, mais um ponto forte do livro. Aproxima o leitor da narrativa e torna-o quase  num amigo confidente, a quem são relatados segredos íntimos. 

Gostei muito.  Um livro com os ingredientes certos para agradar a um vasto público.
 Fiquei, também, muito curiosa para ler outras obras deste autor.

Até Breve e… Boas Leituras!


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