Verão
Quente
Autor:
Domingos Amaral
Editora:
Casa das Letras
5ª
Edição
Corria o Verão
Quente de 75. Julieta é encontrada inanimada, ao fundo da escadaria da casa de
família na Arrábida. Lá em cima, jazem os corpos baleados e semi-nus do marido
e da irmã. Na sua mão está a arma do
crime.
Julieta permanece
vários meses em coma. E quando acorda está cega e nada consegue recordar
daquele fatídico acontecimento. No
entanto, para as autoridades não restam dúvidas. Julieta descobriu a traição do
marido e da irmã e mata-os a sangue frio. E assim a mulher passa 28 num
hospital cadeia.
Em 2003, Julieta e a
sua filha cruzam-se com o narrador desta história, numas termas. O homem
interessado pela beleza da filha, aproxima-se delas. Como desculpa para se
manter por perto delas, aproveitando a fantástica história de vida da mãe, e
começa uma investigação para um futuro livro,.
Terá realmente
Julieta cometido o duplo homicídio pelo qual foi condenada? Conseguirá o
narrador conquistar Redonda, a filha de Julieta?
OPINIÃO
Em 1975, Portugal
estava mergulhado numa crise social e política. Após a revolução de 25 de Abril
de 74, os ânimos exaltaram-se. As
tentativas falhadas de governo sucediam-se, as manifestações nas ruas eram
diárias. E principalmente, o ódio aos "fascistas" como chamavam aos
apoiantes do Estado Novo, era extremo.
À pacifica Revolução dos Cravos, que estudamos
na escola, seguiram-se meses de terror e o país viu-se por várias vezes à beira
de uma guerra civil.
Em "Verão
Quente", Domingos Amaral, dá-nos uma perspetiva diferente do que foi o pós
25 de Abril e da agitação política de assolou o país.
"Na
primavera de 1975, é Vasco Gonçalves primeiro-ministro de Portugal, Otelo
lidera o Copcon, e Cunhal está sentado no Governo. A esquerda revolucionária e
comunista prepara-se para levar à prática ainda mais atos de destruição do
sistema burguês, capitalista e fascista, que, segundo eles, ainda domina o
país. (...) Em meados de agosto de 75, é anunciada oficialmente a criação da FUR, e
é ela que vai patrocinar uma organização clandestina militar, os SUV (Soldados
Unidos Vencerão), que tem como objetivo «sanear as forças armadas de fascistas
e sociais-democratas».
Logo
em setembro de 75, os SUV começam a dar conferências de imprensa. Os seus
membros aparecem fardados de militares, sem insígnias que mostrem os seus
postos, mas encapuzados, com capuzes pretos ou vermelhos, para não serem
reconhecidos. Como se fossem terroristas. "
O ambiente é
perfeito, e o enredo do crime da Casa da Arrábida seduz do principio ao fim. O
livro conta com uma leitura cheia de momentos insólitos e muito divertidos e um
enredo romântico para lá de rebuscado. Os amores, jogos e traições do passado e do presente cativam a atenção do leitor. O facto da história ser narrada na primeira pessoa é, na minha opinião, mais um ponto forte do livro. Aproxima o leitor da narrativa e torna-o quase num amigo confidente, a quem são relatados segredos íntimos.
Gostei muito. Um livro com os ingredientes certos para
agradar a um vasto público.
Fiquei, também, muito curiosa para ler outras obras deste
autor.
Até
Breve e… Boas Leituras!
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